Psicologia

“O homem não existe que nem uma coisa, por si, que tem qualidades determinadas e que está em um certo lugar. Pelo contrário, ele existe em um conjunto singular de possibilidades de relacionamento, possibilidade que se realiza, na medida que é solicitado pelo que encontra. Podemos dizer que nosso existir consiste nas possibilidades de relacionamento recebida diante daquilo que nos solicita e que nos chama”.  Medard Boss.

Muitas vezes nos deparamos com ameaças, imprevistos, momentos e situações carentes de sentidos, se tornando insuportável e restrita a nossa existência. Outras vezes na dificuldade de lidar com o desconhecido, nos agarramos àquilo que é familiar, perdendo a singularidade, na ânsia de corresponder às solicitações do mundo, se depara as tensões de sua existência obscurecendo o sentido mais próprio.

No processo terapêutico, busca-se uma dinâmica de compreensão, que permite a apropriação do sentido, buscando maior liberdade diante das restrições sedimentadas, de forma a assumir a sua responsabilidade, autenticidade, bem como co-responder com as situações que surjam em sua existência, em um  movimento de desvelar aquilo que é verdade, produzindo novos sentidos, como forma de abertura as suas restrições.

No movimento de compreensão de si e  ao assumir o cuidado de si, dos outros, das coisas e do mundo, ampliamos a compreensão em busca daquilo que é mais próprio, permitindo maior liberdade bem como modos de ser mais próprios.

No do encontro do cliente e o psicoterapeuta, no espaço seguro, respaldado pelo código de ética da profissão, possibilita a reflexões, ponderações  e questionamentos sobre a experiência vivida, no qual surgem espaços para pensar, compreender, se apropriar, de maneira mais ampla à multiplicidade de possibilidades e sentidos, buscando a condição própria do homem de abertura do poder ser.

A postura do psicoterapeuta não é de mantenedor da verdade, nem em ditador do melhor caminho a seguir, ela acontece na horizontalidade, onde lado a lado, acompanhando o movimento do cliente, devolvendo ao cliente a compreensão do que lhe é singular, daquilo que o sustenta, nas escolhas que são possíveis, para que ele possa decidir-se e transformar-se.

Colocando-se em cheque as verdades pré-estabelecidas, de que a vida será repleta de realizações, que não haverá frustrações, permitindo reflexões que possibilita o espaço para transformação, na medida singular de sua existência, assumindo um posicionamento ativo de responsabilidade e liberdade em fazer escolhas.

É um processo de descoberta e de reconhecimento de si, diante do mundo vivido, ampliando o seu consciência cotidiana, tornando-se gradativamente dono de si, da sua vida, libertando suas forças criadoras, trazendo um melhor ajustamento as situações da vida e de sua realidade social. Assim ao reconhecer e assumir a própria identidade permite uma maneira nova de se relacionar consigo mesmo e com os outros.

“Se a prática psicoterápica se orientar num relacionamento fenomenológico com o mundo, então ela pode recuperar suas próprias natureza e essência. Sua essência consiste no fato dela ser livre e de permitir aos homens tornarem-se livres dentro dela. Como psicoterapeutas queremos no fundo libertar todos os nossos pacientes para si mesmos”. Medard Boss